Luísa da Silva Lopes, estudante do curso de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo, trabalhava com projeto de pesquisa em parceria, UFES e Instituto Renova e ciclista, foi assassinada no dia 15 de abril de 2022, enquanto pedalava de volta para casa, numa das avenidas da capital, Vitória. O crime foi cometido por uma motorista embriagada e em alta velocidade, na avenida Dante Michelline em Jardim da Penha. O fato causou comoção não somente a nós familiares e amigos, mas a todos/as que se sentiram sensibilizadas, alcançando projeção nacional nas redes sociais e mídias televisivas.
Luísa, filha única da mãe Adriani Luiza e do pai Ivan Lopes, amorosa e dedicada no que se propunha a fazer, nunca aceitava o não como resposta e suas falas vinham acompanhadas dos “porquês”. Observadora atenta e de uma sensibilidade que captava sentimentos e emoções das pessoas a sua volta. Sincera, intensa e firme nas palavras e atitudes que chegavam aos nossos ouvidos numa serenidade. Resmungona, brigona, companheira, amiga, idealista e com sonhos, projetos e planos de vida que foram interrompidos brutalmente, por uma mulher irresponsável que assumiu o risco de matar e matou minha filha. Sim, ela havia ingerido bebida alcoólica.
Recebi a notícia por meio de uma reportagem online. Não acreditava no que estava acontecendo, repetindo para o meu marido que não era ela, havia conversado com ela umas horas antes e ela dizia, sorridente, que terminaríamos a conversa quando retornasse da pedalada no calçadão da praia de Camburi. A sensação de impotência foi muito grande, como se arrancasse parte do meu corpo. Uma imensa dor, indescritível.
No que se refere à questão judicial, a motorista foi presa, pagou uma fiança e saiu da prisão no dia seguinte ao crime. É importante ressaltar, ao termos ciência da soltura da criminosa, amigos, estudantes, passistas da escola de samba, diferentes coletivos dos quais Luísa participava e familiares vítimas de acidente no trânsito, fizeram um grande ato, Justiça por Luisa Lopes, no local onde ocorreu o crime, com o objetivo de dar visibilidade aos acidentes com ciclistas entre outros, em que as pessoas que cometem tais crimes no trânsito permanecem impunes.
O inquérito foi concluído no dia 6/10/22, onde o delegado da polícia de trânsito convocou uma coletiva da impressa para divulgação. O referido inquérito foi encaminhado para o Ministério Público solicitando a prisão preventiva da assassina, contudo, até o momento essa ação não se materializou e o processo encontra-se no momento na 1º vara Criminal de Vitória.
E quanto a nós, mãe, pai, familiares e amigos, seguimos nossas vidas. Fica a saudade, lembranças amorosas do que Luísa representava nas diferentes “tribos” nas quais fazia parte. Ser de luz, resistência, empoderamento da mulher negra. Continuamos na luta por justiça em nome da minha filha e de todas as famílias vítimas de trânsito.
#justiçaporluisalopes