No dia 29 de maio de 2016 por volta de 6h15 dois carros “batiam pega” (apostavam corrida), em velocidade acima de 150 km/h na rua Dr. Porciuncula em um pequeno bairro de São Goncalo/RJ. O motorista de um deles, alcoolizado, perdeu a direção e matou QUATRO passageiros, dentre eles, você, minha filha Julia Dias Guimarães de 17 anos, que era aluna do Colégio de Aplicação da UFRJ e faria prova de acesso à universidade de Direito 15 dias depois. O seu assassino João Vitor Cabral segue livre até hoje, nem sequer perdeu o direito de dirigir, não consigo cremar seus restos mortais porque o processo não foi finalizado. Após ser julgado culpado e receber a injusta pena de pagamento de uma cesta básica mensal durante três anos, ele recorreu para não ter que começar a pagar. Para mim, tudo que começou em 4 de agosto de 1998, com o seu nascimento, ficou vago sem conclusão, um buraco interminável. Criei minhas filhas para o mundo mas não queria que você fosse pra outro mundo. Aprendi que as pessoas enlutadas que usavam aquele véu preto cobrindo o rosto, não o faziam para se esconder e sim, para não ver o que é belo no mundo, porque dói tentar ser feliz sem você.
Márcia Dias – Mãe